ALEGRIA É...
- Leonor Haydée Viegas
- 27 de fev. de 2018
- 4 min de leitura
Iniciamos hoje uma viagem pelo mundo da alegria em busca de respostas sobre o que nos deixa alegres.

A alegria é a principal forma de expressão da felicidade. Afinal, será possível ser-se feliz sem se sentir alegria? Logicamente que pessoas felizes, por vezes, também se sentem tristes ou com medo, afinal todas as emoções fazem parte da vida. O importante é a forma como encaramos os acontecimentos e resolvemos cada uma das situações que nos surgem. Pessoas felizes não negam a existência de qualquer tipo de emoções e encontram forma de se auto equilibrar.
"O desgosto e a alegria dependem mais do que somos do que daquilo que nos acontece."
Sorrir, rir, gargalhar, saltar, pular e até chorar, são apenas algumas das muitas formas de demonstração daquela que é única emoção básica positiva: a alegria!
As emoções básicas ou primárias variam entre cinco a sete, nomeadamente, alegria, medo, surpresa, tristeza, nojo, raiva e desdém ou desprezo. Sendo gerada por eventos inesperados, a surpresa poderá ser positiva ou negativa, fazendo com que a alegria lidere no mundo das emoções básicas positivas. Assim sendo, em terra de emoções negativas quem tem alegria é rei! Então, afinal o que nos causa alegria? E será que sabendo de antemão o que nos pode causar alegria, poderemos encontrar uma forma de a perpetuar, aumentar, espalhar, enraizar para que esteja presente a maior parte do tempo? Isto é, estejamos mais vezes alegres do que suscetíveis a emoções negativas? Está convidado a iniciar comigo uma jornada em busca daquilo que nos deixa alegres e que contribui para a nossa felicidade.
Charles Darwing considerava que as emoções resultavam da nossa adaptação ao meio e capacidade de sobrevivência. Por terem sido consideradas subjetivas, as emoções foram, durante muito tempo, evitadas na investigação científica, chegando a ser consideradas por Descartes como separadas da razão e prejudiciais ao processo de tomada de decisão. Devido em grande parte aos estudos de António Damásio publicados no seu livro O erro de Descartes. Emoção razão e cérebro humano, hoje sabemos que as emoções desempenham uma função crucial na comunicação de significados a terceiros, tendo um papel de orientação cognitiva, ajudando-nos a fazer as melhores escolhas.
O neurocientista português, divide as emoções em primárias e secundárias. As emoções primárias dependem da rede de circuitos do sistema límbico e são automáticas. As emoções secundárias ou sociais, além do sistema límbico, recorrem também ao córtex pré-frontal e somatossensorial, o que nos permite ter consciência delas (por ex. a simpatia, a gratidão, a admiração, a compaixão, o espanto, o embaraço, a vergonha, a indignação, o desprezo, o ciúme, a culpa, o orgulho, a inveja).
Os estudos sobre as emoções positivas tiveram o seu desabrochar na década de 90 com a intitulada Psicologia Positiva, focalizada em construtos psicológicos positivos, na promoção da saúde e na prevenção dos problemas patológicos. A Psicologia Positiva pretende estudar a felicidade ou o bem estar, através da avaliação de elementos como a emoção positiva, o ajuste social, o sentido, os relacionamentos positivos e a realização. A avaliação subjetiva do bem estar foca-se na dimensão cognitiva e na dimensão emocional. A dimensão cognitiva avalia a satisfação com a vida como um todo e a dimensão emocional distingue os afetos positivos e negativos. Nos afetos positivos avalia-se a frequência das emoções agradáveis, como por exemplo, o contentamento, o interesse e o entusiasmo; e nos afetos negativos avalia-se a frequência das emoções desagradáveis, como é o caso da hostilidade ou do nervosismo. A avaliação do bem estar subjetivo, permite estimular o aumento das forças e virtudes pessoais, sendo que cada virtude é composta por determinadas forças que podem ser desenvolvidas pelas pessoas. A ativação das forças conduz a mais emoções positivas, maior integração, mais realização pessoal, logo, mais bem estar.
As emoções são uma forma de comunicação, oferecendo-nos informação importante sobre o comportamento a adotar. Conforme nos diz António Damásio, a consciência das emoções oferece-nos a possibilidade de explorar as nossas vulnerabilidades, aprendendo a controla-las e, se possível, ultrapassa-las. Uma das razões para algumas pessoas se tornarem líderes e outras seguidoras, reside na capacidade que controlar e promover respostas emocionais nos outros. Os nossos julgamentos, o que valorizamos, a forma como vemos e percecionamos as coisas, condicionam a nossa aprendizagem, a relação com os outros, o nosso dia a dia em geral. O que nos leva a concluir que se conhecermos quais são os mecanismos que desencadeiam determinadas emoções sociais, talvez seja possível aprender a controla-las, com a finalidade de se melhorar a postura em contexto social e de se evoluir enquanto pessoa.
Por outro lado, provocar emoções positivas nas pessoas parece ser um negócio em pleno crescimento. Tomemos como exemplo os anúncios publicitários que pretendem transmitir emoções positivas dotando os objetos de sentimentos, ou as atividades que têm surgido com a finalidade de despertar bem estar e alegria nas pessoas, como por exemplo a terapia do riso. Para além disso, todos sabemos como o bom humor é um fator preponderante na recuperação da saúde e Patch Adams bem o sabia ao levar sorrisos e boa disposição à pediatria do seu hospital.
Portanto, é fundamental combater o analfabetismo emocional e desenvolver-se uma educação positiva e sentimental que leve a humanidade a Ser mais positiva e feliz e a Mexer-se com Alegria!
Leonor Viegas
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