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OBJETOS E LOCAIS COLORIDOS DESPERTAM MAIS ALEGRIA NA NOSSA VIDA

  • Foto do escritor: Leonor Haydée Viegas
    Leonor Haydée Viegas
  • 23 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

Imagine que cresciam folhas pretas nas árvores em vez de verdes, as rosas eram castanhas e não vermelhas, brancas ou amarelas, que o pôr do sol era cinzento em vez de alaranjado e com pinceladas amarelas, lilases e vermelhas.

Imagine uma casa sem janelas ou um armário com toda a sua roupa apenas de uma só cor.


Imagine que não existiam artistas plásticos ou escultores.


Que emoções lhe desperta um mundo assim?


Imagine agora que o exterior da casa ou do prédio onde vive era de várias cores ou com pinturas artísticas originais.


Imagine a escola do seu filho com paredes repletas de paletas de cores e com escadas num degradé de tons.


Imagine também os hospitais em tons suaves de azul, amarelo, verde ou cor-de-rosa e cheios de jardins e lagos interiores.


Imagine empresas e repartições públicas com mobiliários e paredes coloridas.


Imagine parques de divertimento com baloiços e escorregas para adultos.


E agora? que emoções lhe desperta um mundo assim? 



Parece existir uma relação entre as formas do mundo físico, as cores e a alegria. Esta visão é defendida pela designer Ingrid Fetell Lee que há algum tempo investiga de que forma o mundo físico pode criar experiências mais positivas e felizes na vida das pessoas.


A designer tentou perceber o que deixa as pessoas mais alegres e encontrou respostas mais usuais, que ultrapassam o género, a idade e os países. Existem objetos que são referidos por uma grande parte das pessoas, como por exemplo, gelados, olhos, bolas de sabão, balões, cerejas, piscinas, arco íris ou fogo de artificio.


Porquê que estes objetos transmitem alegria? Para esta investigadora a resposta tem a ver com as cores, os padrões e as formas circulares ou simétricas. A coerência destas características transmite um sentido de leveza, tranquilidade e bem-estar. 


A alegria está ligada ao nosso instinto fundamental de sobrevivência e parece que temos tendência para procurarmos objetos que nos deixem tranquilos. Objetos pontiagudos e afiados despertam a parte mais ancestral do cérebro humano, provocando um sentimento de alerta devido a um possível perigo. Talvez por isso, os objetos bicudos não apareçam na lista da alegria. Já os objetos com formas arredondadas, como os referidos no estudo, transmitem segurança às pessoas. Além disso, os objetos referidos são coloridos, afetivos e/ou representam situações de festa e divertimento, logo, são portadores de alegria. Desta forma, apesar da alegria ser intangível, podemos aceder-lhe através do mundo físico, nomeadamente, através da “estética da alegria”.

Se assim é, porquê que as nossas cidades, ruas, edifícios, são na sua maioria tão escuros e descoloridos?

E as roupas? Porquê que as crianças se vestem com roupas alegres e coloridas e à medida que envelhecemos somos julgados por usarmos cores garridas? Imagine um político ou um executivo vestido com um fato encarnado ou verde alface? O que acha disso? Adultos vestidos de forma mais colorida são intitulados de infantis ou sem seriedade e, aos poucos, acabamos por ceder às críticas sociais e habituamo-nos a viver num mundo mais cinzento.

Ainda bem que existem pessoas que veem o mundo através dos “óculos da alegria” e fazem questão de materializar o que imaginam. São chamadas de visionárias, fora da caixa, extravagantes, criativas e outros adjetivos, mas o importante é que oferecem outra dinâmica à vida. Uma dinâmica muito mais colorida e alegre.


Helen Winkle, conhecida por Baddie, é uma avó americana de 90 anos. Tem quase 3 milhões de seguidores na internet devido à sua forma alegre de estar na vida. Usa mini saias, tops, sapatos de plataforma e sombras dos olhos coloridas. Não se poupa nas cores do seu guarda roupa e recentemente andou pelo mundo a concretizar os seus sonhos de vida. A prova que as cores são para se usarem em qualquer idade.



Ruth Lande Shuman, designer industrial, realizou um estudo sobre os efeitos psicológicos da cor e resolveu aplicar as suas descobertas à educação. Criou a organização sem fins lucrativos Publicolor e utiliza o design para melhorar a vida dos estudantes problemáticos e negligenciados das escolas públicas de Nova Iorque. Alarmada pelas altas taxas de abandono escolar e com as instalações das escolas que, muitas vezes, se parecem com prisões, Shuman, procurou melhorar o ambiente físico. A designer defende que melhores ambientes podem melhorar a aprendizagem e o comportamento. Diretores das escolas intervencionadas revelam que os grafitis desapareceram, as faltas dos alunos baixaram e a sensação de segurança aumentou. 



Na Dinamarca existe um hospital extremamente colorido porque se acredita que as cores têm um impacto positivo na cura dos doentes. A pintura foi idealizada pelo artista Poul Gernes. Inicialmente era suposto apenas ter pintado o hall de entrada do hospital, mas o artista solicitou levar a cor a todo o edifício e o resultado é um local muito mais alegre e que nem parece um hospital. 



Shusaku Arakawa, arquiteto e Madeline Gins, escritora, consideram que era possível promover a longevidade dos seres humanos através de uma arquitetura mais arrojada e alegre. Idealizaram um conjunto de edifícios em Mitaka, Tóquio, altamente coloridos e espaços com salas que parecem parques de diversão e estimulam os cinco sentidos e o regresso à infância. Ali ninguém é julgado por brincar e saltar, mesmo que tenha chegado à maior idade. 


Há maior contentamento do que este de deixar sair a mais pura alegre criança que existe em nós???  Estes são apenas alguns exemplos de como o mundo físico pode ser um ótimo recurso para se criarem vidas mais coloridas, divertidas e alegres, porque, afinal a alegria é uma opção de vida. 

Decida ser alegre!  😁😂😍😎

Leonor Haydée Viegas ©

 
 
 

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